sexta-feira, 6 de abril de 2012

Divagação



Como areia na ampulheta, assim
são os dias da nossa vida

Recuei no tempo,
O que foi que eu vi.
Alegria e tristeza passada
Nas quais eu vivi!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Luz de Pobre


Na lama da viela,
O menino loiro
Brinca com a estrela
D'oiro

Para quê, com ela,
Se o menino é pobre?
- É do céu a estrela,
É dele o que sobre.

Na lama da viela,
Há maior tesoiro
Que um cabelo loiro?

sábado, 31 de março de 2012

Filosofia da vida


Ninguém dá um passo
Que o não meça bem
De régua e compasso
- Ninguém.

Ninguém se abalança
A ir mais além
Do fiel da balança
- Ninguém

Com peso e medida
Se regula a vida

... E a morte também.

M.Vital

terça-feira, 8 de março de 2011

Indecisão


Vou de noite ou vou de dia?
Por caminho certo ou errado?
Terminou ou principia
A renúncia ao meu passado?

Quando canto, rio ou choro?
Sou sangue ou motivo d'arte?
É na poesia que moro
Ou sei de mim noutra parte?

Decorei os meus papeis
Ou menti todas as cenas?
- Se souberdes, sabereis
Que nada sei, vivo apenas.

Manuela Vital

sábado, 5 de março de 2011

Poeticamente



Seja a minha poesia delicada,
Redondo afago em corpo feminino;
Grácil, viril como uma espada;
Pura como um desejo de menino;

Em lhe bulindo o sol, seja um brilhante;
Doce qual uma nota musical
- E que eu me espante
De tê-la assim criado natural.

Manuela Vital

sábado, 10 de julho de 2010

A estrada da vida





Caminhando...Caminhando!...
Pela estrada árdua da vida,
Avistando ao longe, a estrela da esperança,
Com saudosa harmonia!...
Que o estranho dia de hoje, seja bem melhor,
O de ontem já passou!...
A vida assim, se vai desvanecendo!...
Com melancolia, o tempo vai passando...
A esperança perde o seu brilho!
O desencanto é cada vez mais pungente,
A desilusão mata a esperança da vida,
Já nada resta desta enganosa estrada,
Apenas restam as memórias já passadas,
Com momentos tão felizes e ditosos, e
outros que já não dizem nada!...
Ficaram pela estrada da vida!...

Manuela Vital

terça-feira, 6 de julho de 2010

Viver no Campo




Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sózinho.

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores,
Mostra-me como as pedras são engraçadas,
Quando a gente as tem na mão,
E olha devagar para elas...

a) Fernando Pessoa